terça-feira, 7 de junho de 2011

dormir que nem chinês - leonard almeida

Dormir que nem chinês
descobri outro dia
que em qualquer lugar que fosse
lugar qualquer que ia
quando sentia aquele baita sono
o chinês ia lá e dormia

Ele dorme em todo tipo de coisa e lugar
não precisa nem arrumar um canto
uma cama, um chão
nem precisa deitar
se recosta numa árvore
se apóia num banco, num cão
e dorme tranquilo, sem medo
sem pressa de acordar

Até a bicicleta que o transporta
pra todo lugar
se tranforma num quarto negro
quando cansa de pedalar
e pedalando ele vai no sono
percorrendo as avenidas de um sonho
contornando o trânsito diário
do trabalho,
das contas, dos desejos, despejos, incertezas, ideais
dogmas, leis, morais,
filhos, pais,
mandarins, feng-shuis, dragões,
revoluções, paz,
terremotos, tsunamis, furacões,
talharins, fome, doenças,
morte,
vida.

E quando ele acorda
ainda é dia...

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