quinta-feira, 29 de março de 2012

paulistar - juarez s. machado

Hoje eu me vi reportando
O mapa do meu estado
Dois trapézios; um super-posto
O de baixo deslocado
Um pouco mais à direita
Num desenho arquitetado
P...ela própria natureza;
E o rascunho com certeza
A sete chaves, guardado.

Desnecessário dizer
Que não sou nenhum bairrista
Tampouco um vislumbrado
Piegas ou surrealista
Cada um curte o seu mapa
No Brasil é grande a lista
Mas...cá entre nós; o mais lindo
É este que estou curtindo
É o meu xodó, o Paulista!

Consultei o meu espelho
À guisa, de um conselho
De pronto, me respondeu
Podes ficar sossegado!
Jamais será encontrado
Mapa mais lindo que o teu.

Nota: Os outros, são só bonitos.
 

 

sexta-feira, 23 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

cogito - torquato neto

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

o ceará no sul - juarez s. machado

 Esta canção não é minha
Longe eu querer plagiar
Não lhe dei uma só linha
Nem dela eu quero abusar
Porem aqui peço um tempo
Para poder me explicar
Seu autor um rei sem trono
É o seu legítimo dono seu mentor seu titular

... Numa cena corriqueira
Que me dei presenciar
Lá onde grassava a seca
Sem uma nuvem no ar
Eu vi um sol escaldante
Uma terra esturricar
E ouvi do rei sertanejo
Com sua viola em arpejos esta canção singular

Eu já capinei o mato eu já limpei o pomá
Agora só esperando chuva que Deus vai mandá
Já preparei o arado prá esta terra afofá
Agora espero chuve agora espero moíá

Meu tratô é o meu burrinho nunca foi de se encostá
Separei semente boa prá nesta terra jogá
Mio feijão jirimum e o que mais dé prá prantá
Agora espero chuve agora espero moíá

Se vie coieita boa meu paió se abarrotá
Vou vende a minha safra trato de aço buscá
Dá descanso à um cumpanheiro que só faz me ajudá
Agora espero chuve agora espero moíá

E aquele rei cantava sem do céu os olhos tirar
Numa súplica incontida tudo nele um confiar
Nos acordes comoventes se fazia acompanhar
Agora espero chuve agora espero moíá

Numa das minhas andanças tive eu que lá voltar
Encontrei rei sertanejo naquele mesmo lugar
O seu rosto era só pranto quando veio me falar
To lembrado do sinhô tanto tempo já passô
O sinhô foi e vortô e a chuva ainda sem chegar
E eu abraçando à ele também tive que chorar

Esta canção já é minha eu acabei de adotar
Hoje eu à faço de todos que a cante quem desejar.

sexta-feira, 16 de março de 2012

história da humanidade - frança

 quanto mais sei
mais sinto
vergonha
              
                      
    
                 
     

domingo, 11 de março de 2012

os heróis não amam não - jorge z

oh seu peter pan
cresça e apareça
ou perca esta inocência ou então desapareça
e o super-homem com seu pau de aço
só que a lois lane ainda é cabaço
e o homem-aranha que vive na sua teia
só que quando vê aranha ele se chateia
príncipe-submarino que não gosta de sereia
os heróis não amam não
os heróis não amam não!

quinta-feira, 8 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

babu - cesar nero

cai a noite em cada sombra surge a face do inimigo
uma estrela prateada é o sinal do perigo
as chamas do inferno que propagam com o mal
revelam em teus olhos a frieza de um chacal

todas as almas que vagueiam pelo mundo em busca de salvação
se deparam no caminho com o deus da perdição
e se perdem engolidas pela escuridão da noite
eternamente torturadas pelos golpes do açoite

o mal não morre nunca só descansa em todos nós
na vingança e no ódio a crueldade de um algoz
não te oponhas nunca ao mal ou tua alma há de sofrer
quando a lua se ocultar do inferno eu voltarei

você entrega a tua vida a uma simples oração
e confia no divino para tua salvação
e não sabe na verdade que o destino é todo teu
confia em você mesmo não espere por um deus

uh uh
babu babu 
 
> do filme Babu a Vingança Maldita de Cesar Nero musicada por Boi Thompson e Dimi Éter

domingo, 4 de março de 2012

destino da língua - fátima meireles

cruzaram-se os ventos e eu nasci
o momento nunca foi exacto e pouco espaço ocupo
trago nas mãos palavras animais
sílabas coaguladas na garganta
textos a escaldar de gravidade
a escrita é um pólvora que me rebenta por dentro num discurso mortal
uma sala branca e devastada de cólera no ventre
março como único território em que agora respiro
e o pensamento rompe-me o tédio
o filme dos instantes em curta metragem
as esplanadas estão vazias a janela é a porta das imagens
e esta devassidão mamífera de animais fervilhando pedra e cal
os êmbolos no sem balanço tardio
a tarde garrida de afectos
o espaço equilibrista onde me sustento
o café na borra o piano ao canto
a química floração dos olhares entre a agonia e o espanto
a bravura explosiva os deuses que nos abafam
a droga de tantas vidas
as ruas lentas na sua estrangeira loucura
os meninos de outrora obsessivos
o estio das noites longas
a voz iluminadora a sacralidade
a turbulência íntima e o excesso de multiplicidade
os dados sobre a mesa
a antropologia do pavor o destino da língua
a minha pátria como um sussurro na noite
o corpo caligráfico dos tontos os políticos dos ensaios contendo febre
as lichias maduras e o medo da dança
a energia bruta as linhas curvas do texto
o que se mete lá dentro tão fulminante
o éter dentro das bocas incrustadas de escuro
as mãos como uma trança a tela junto aos dedos
os livros em fila com vícios brutais de um sono extenso
e esta minha ciência infusa
cocaína das palavras de ervas que masco
e uma desordem de horas conversas fechadas a sete chaves
um ritmo de elástico que eu ignoro
as capelas à esquina as beatas junto à porta
a geometria do que digo
e as luzes voltadas como focos no poema
gosto de ser
na única pancada da vida
de ser
na travessia das tempestades no eco do séculos
onde se levanta a prata
a solidez das águas e esta loucura afinada das palavras
em que me escrevo tão dentro tão só pousada nos teus olhos
os verbos não tem subúrbios
e por isso são o sítio certo do alfabeto

sábado, 3 de março de 2012

mira - cris biagi

Perfeito par,
que é ímpar
Pegadas buscam
seu olhar risonho
verde, intruso
Surgem saltitando, são
faróis entregues ao devaneio
Então imagino
através do tempo
numa rápida mira serenar
intrigante olhar