domingo, 30 de setembro de 2012

fria serpente - cris biagi

..De caso com o verde
Áfua turva copula
Negro com Solimôes
Remo
Nessa doce solidão
Renasço
Como fria serpente
Nos cascos, teias e pó
Amanso
De pés gelados
Pereço
Diluída na natureza

terça-feira, 25 de setembro de 2012

stones

as pedras ainda respiram
umas criam limbos
outras aquecem

vazio de água
o vaso não é vaso

é apenas um objeto
raso e sem razão

o objetivo da água
é encher

o do vaso
é conter

o do homem
é se molhar

...

sem planos a ave canta

a flor embeleza a planta

a pedra esquece a idade

o homem constrói cidades

e a erosão destrói






segunda-feira, 24 de setembro de 2012

a bela língua que nos une

    

Mas, que raios são estes e o que falam?
Provavelmente foi o que pensaram os primeiros portugueses que aportaram no Brasil. O que deve ter causado muito espanto, afora, os índios andarem nus, deve ter sido a confusão babélica. Sim, porque era uma babel de línguas este Brasil. Naquele tempo, falavam-se mais de mil línguas neste território que hoje difunde mais que Portugal, o idioma pátrio.
Passaram-se mais de 3 séculos, para que os portugueses que aqui vinham, decifrassem a principal das línguas, o tupi; neste quesito os jesuítas foram fundamentais, pois foram eles, com base na gramática portuguesa, a organizar e entender esta língua.
Nos primeiros tempos, não havia uma única língua a ser falada, eram várias e nesta babel, vai se criando a “última flor de lácio”, a língua portuguesa falada no Brasil. Naquela época, a esta união de línguas e principalmente com a chegada dos negros escravos, a sua denominação era: língua brasílica.
A língua de Camões, doce e meiga como definiu Cervantes, só vai ser realmente falada em todo o território brasileiro, a partir dos anos 1800 com a chegada da corte de Dom João VI ao Brasil. É sabido que em 1758, por decreto, o Marquês de Pombal, institui que seja falado o português em todo o território, mas as línguas não se dão por decreto e sim por aproximação e costume.
O mérito dos portugueses está no fato de que, para o bem ou para o mal, ter fixado a língua num território infinitamente maior que Portugal, quase um continente. Um lugar em que no tempo da colonização passaram por lá holandeses, franceses, ingleses e espanhóis. Na América Latina, só os brasileiros não falam o espanhol. Há também que se destacar que as línguas indígenas e africanas foram se moldando e moldaram o português falado aqui. Hoje em dia, graças principalmente ao português falado no Brasil, ela é 5ª língua mais falada no mundo.
E os brasileiros, mesmo num falar mais lento e nasalado, diferente do português europeu, mas extremamente parecido na ortografia, ainda tem contribuições a dar à língua, pois vai moldando a ela neologismos dos tempos contemporâneos, como expressões francesas, inglesas, espanholas e italianas, enriquecendo ainda mais a gama de seu vocabulário. Também contribui o Brasil para a língua, através de sua literatura pós modernismo e principalmente com a música brasileira que a cada década se difunde ainda mais no mundo globalizado.
Vale lembrar , que fora o português, ainda existem no Brasil, mais de 180 línguas, faladas pelas comunidades indígenas resistentes, que além de manterem suas línguas, decifraram o português, pois a língua portuguesa no Brasil, é motivo de união nacional.

domingo, 23 de setembro de 2012

vinho vi e venci


tomo vinho
e o rumo
da vida

tomo tento
mas já ganhei
de goleada

uns dizem que
não se toma
se bebe

digo que tomo
e bebo e fumo
uns

tomo 1:
se liga
na tomada

tomo 2:
desliga
da tomada

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

prova

sobra eros
faltam euros
os erros também contam
na prova dos love

pucritude

aquecer
cozinhar
instrumentalizar

o atrito é fogo
oferecemos
as pedras da sensibilidade:

tom
permanência
pucritude

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

pleonásmico - leonard almeida


ainda vou entrar pra dentro
do seu quarto bagunçado
trancar sua porta
trancar suas pernas a mim
e jogar a chave fora

só deixar sair pra fora
as saudades, as vontades, as verdades
escondidas no seu criado-mudo
mais íntimo e depravado

o resto vou fechar tudo
pra gente gritar alto e calar mudo
loucos da cabeça
até o espelho ficar cego
e o corpo ficar surdo

depois subir pra cima das paredes
e do teto feito aranha
te observar dormindo
como a indefesa presa ao relento
e preparar a teia pro próximo bote

e pro seu bote voltar nadando
na água salgada do seu corpo mar
que doce se torna no leito desfeito
ao descer a descida da ladeira até a lombar
com lambidas nas ancas largas e pérfidas
sambar e cantar nas curvas e vielas
das áreas mais boêmias e periféricas
até a apoteose do recôndito ventre

e então entrar na chuva pra se molhar
e até me queimar no fogo fátuo
da fogueira faceira do seu olhar
de júbilo e regozijo
inocentemente indecentes olhos
que olham o nada e o infinito