sexta-feira, 27 de abril de 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

cultuados - cris biagi

No momento
já não complexo,
contudo,
anexo ao passado
Penso nos próximos
passos -
Convidei os pecados,
percalços e os pés descalços
a passear,
um novo brinde no terrraço
Onde vou entregar
os conhecidos tesouros
Reanimar os sonhos
cultuados à luz do dia e aos sons da noite

faço - zé mateus

eu faço
tudo que faço
- eu posso?
& não escapo
de nada
que eu faço

quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

veraneio - cris biagi


Confunde-se velocidade
com voracidade
nesta cidade
Fundir com brando riso um
agridoce contato
( Fica metade ), friso contraste
Contando luas
luzes e lugares (quantas idades)
Quantas saudades
Muito ( meio ) mistério
Meias verdades
Boa noite
Minha cidade

segunda-feira, 23 de abril de 2012

na quebrada

na quebrada
que me leva a nada
o acontecimento da repulsa
da dúvida da dividida
do gol sem trave
da entravada
da dor fiel
da canelada
do saco cheio da cobrança
desalmada
do caminho cheio de tudo onde
há que se esperar nada
da vida toda estrada
 feita no tombo
da rua enlameada

sem palavras - fátima meireles

 pintadas a borra de café e lápis aquarelado

 




quinta-feira, 19 de abril de 2012

estuário de poetas - maria andersen

Estão velhas as ruas meu amor, e os aviões ainda nem partiram. A espera é uma língua cavando um reino, é uma íntima memória a escrever sobre o vento uma fonte , um plânctom que me respira neste corpo lírico que a noite me arrebata com este sal na boca e o imo das vogais, o afago da carne em que te sou desígnio e cama cidade cantando um estuário de poetas ao leme de Whitman, ouro rasgando-me versos sem alvoroço.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

coração de pedra - fátima meireles

greenberg
O coração de pedra um dia vai
derreter sob a descoberta de que
tudo é humilde no extenso do matagal
e nem tudo é poesia na mascarada da claque.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

aquilo que tem que ser dito - günter grass



Por que tenho me calado, me calado por tempo demais
sobre o que é patente e já vem sendo ensaiado
em simulações ao fim das quais nós, como sobreviventes,
somos no máximo umas notas de rodapé?

É o alegado direito de ataque preventivo
que poderia extinguir aquele povo
subjugado por um fanfarrão
e empurrado ao júbilo organizado (o iraniano),
porque se suspeita da construção
de uma bomba atômica em seus domínios.

Por que, no entanto, eu me proíbo
de chamar pelo nome aquele outro país
no qual se dispõe há anos - ainda que em segredo -
de um potencial nuclear crescente
e sem controle, pois não se dá acesso
a nenhuma inspeção?

A generalizada omissão desse fato,
à qual se subordina o meu calar,
eu a sinto como incriminadora mentira
e coerção com promessa de punição:
assim que desobedecida,
o veredito “antissemitismo” está em toda parte.

Agora, porém, porque o meu país,
- que por seus crimes próprios,
que estão além de comparação,
é volta e meia chamando às falas ­-
deve entregar a Israel
(por razões puramente comerciais,
embora declarado com lábios ligeiros
que se trata de reparação)
mais um submarino, cuja especialidade
é ser capaz de direcionar ogivas
de destruição total a um lugar
onde não foi comprovada a existência
de uma bomba atômica sequer, e no entanto
com o fim de atemorizar se pretende
que existam provas conclusivas -
por isso agora eu vou dizer
o que precisa ser dito.

Por que, no entanto, até agora eu me calei?
Porque eu pensava que a minha origem,
marcada com mácula nunca extinguível,
proibia declarar tais fatos como verdadeiros
em relação ao país Israel, com o qual tenho laços
e quero continuar a ter.

Por que é que eu digo somente agora,
envelhecido e com o fim da minha tinta,
que o poder atômico de Israel põe em risco
a paz mundial, já frágil sem isso?
Porque precisa ser dito
o que amanhã pode ser muito tarde;
e também porque nós
- como alemães já o suficiente incriminados -
podemos vir a ser fornecedores para um crime previsível,
com o que nenhuma das usuais desculpas
teria o poder de redimir
nossa participação na culpa.

E admito: não mais me calo
porque estou farto da hipocrisia do Ocidente,
e tenho esperança que com isso
possam se libertar muitos desse calar-se
e conclamar o causador do reconhecível perigo
a abrir mão de violência, e igualmente
a que seja permitido pelos governos dos dois países
um controle permanente e desimpedido
do potencial atômico israelense
e das instalações atômicas iranianas
por uma instância internacional.

Somente assim será possível ajudar
a todos, israelenses e palestinos,
e mais: a todos os seres humanos
que nessa região ocupada pelo delírio
vivem apertados em inimizade, e afinal
a nós mesmos também.

...
Günter Grass, 84 anos, Prêmio Nobel de Literatura, em 04/04/2012.
1º ensaio de tradução por Ralf Rickli, 07/05/2012
após a publicação deste poema, virou persona non grata para o estado de israel

sexta-feira, 6 de abril de 2012

3 porremas - jefferson beat


há algo dentro
há algo fora
há algo sempre
dentro fora
de controle


Fodi a noite toda,
até a noite virar dia,
e no meio da foda pensei
quão bela a vida seria,
se as pessoas todas gozassem
num esporro de alegria,
ao invés de continuarem fodendo
suas próprias vidas vazias.


Ode 
ao instante
sublime,
que consterna
idiotas
e sábios:

quando comprime-se
a pequena boca,
e abrem-se
os grandes lábios.

primavera de amor - juarez s. machado


A brisa primaveril me trouxe o alento
Que o frio inverno levara
Quando ela disse adeus.
E hoje vivo a gritar na voz do vento
Que, tal filha pródiga torna aos braços meus.

A minha tristeza ao sentir a vêz perdida
Desiludida já bateu em retirada
Saudade que até então companheira,
Mais que correndo foi buscar outra morada.

E assim a canção que nasceu nesse motivo
Cantando eu vivo para homenagear
Aquela que hoje aqui se faz presente
Que finalmente agora torna pra ficar.
.............................................................
Este autor deixa aqui um abraço à cada
recantista e pede ao Pai maior que os cubra
de bênçãos para o seu bem, e de nossa poesia.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

você bem sabe

eu vou prá puta que pariu
mas não levo
você

eu sou a volta do que não fui
mas não foi
você

eu digo foda-se mas não fodo
nem fudendo
você

segunda-feira, 2 de abril de 2012

ímpar

vive o tempo como é
vivo posso fazer par
mar não faço maré
mas dor, dor é ímpar