Sou um só mas
dois sempre foi um número doido
doído, às vezes bom demais:
queijo & goiabada
miséria & burguesia
tristeza & alegria
melô & prazer
eu & você.
Éguas me levam léguas a fundo
se tudo tem dois lados
tudo quero conhecer:
teu sexo & meu sexo
o reflexo & a origem
o gen & a gente
o corpo & a mente
viver & morrer.
Se tem Parmênides também tem Heráclito
seja qual for a diferença
são dois:
duas as suas coxas
duas vezes é que é pouco
dois lábios duas bocas
dois labirintos duas portas.
Aja duas vezes antes de pensar!
Aja duas vezes antes de pensar!
Maravilhoso o teu poema Dimi Éter
ResponderExcluirDOIS
Uma boca que quer outra boca
Uma fome que clama outra fome
Uma mão que chama outra mão
& o corpo que se ateia noutro corpo
nesse vigor que agoniza
nesses ecos -
um gesto que pede outro gesto
um olhar que penetra outro olhar
pelas paredes da terra
o pensamento que gera sensações
herdeiras de sussurros & de estrelas
& aves aves aves a nascer nos poros
& o silêncio dos astros
a densa neblina das vozes
& o vazio & o cheio de nós
do ar do tacto do corpo
do sexo noutro sexo
nessa lenta descida da sede
& as águas intimas que caiem sem tempo
nesse deserto rigoroso & humano
que chora que canta que dança
que se abre em vertentes
nas gargantas agrestes de gritos
ah plenitude animal toda no interior de uma boca
& no olhar um imenso orvalho puro
* Dois
que significa em nós a união entre a essência e matéria
por isso significa plenitude!
A eterna e dual duplicidade e cumplicidade de tudo em tudo
Um que não existe sem o outro
a árvore e sua sombra
a lua e o sol
a noite e o dia
a água e a terra
o fogo e o ar
a macho e a fêmea
a alegria e a tristeza
a dor a felicidade
a ausência e a presença
a luz e a escuridão
se não fosses serem dois como saberíamos do um?
Que significado teria a alegria sem a tristeza? O como entenderíamos a tristeza? E a ausência sem saber o que é a presença?
Um é o sentido absoluto do outro que faz dois.
CANÇÃO DO AMOR QUE CHEGOU
ResponderExcluirEu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim
(Poesia Completa e Prosa: "Cancioneiro" Vinícius de Moraes. Diponível em: http://pensador.uol.com.br/poemas_vinicius_de_moraes/2/ )
Há pouco mais de 40 dias me tornei leitora destas páginas. As publicações e os comentários estabelecidos entre o artista de cá com seus interlocutores tem me instigado a saber mais sobre poesia e poetas - confesso, não sou competente nesse gênero literário, mas, desde então, tenho me esforçado.
Por isso, quando encontro comunicação impar como a daqui, saio a pesquisar no oráculo virtual, a procura de outros textos ou imagens que estabeleçam novos diálogos. O poema que escolhi cumpre as duas funções (textual e visual), assim me parece; minha praia são as artes visuais.
Obrigada, ó Maria e Dimi Éter, vocês dois contribuem muito nesta nova descoberta.
Bjks, Ita
Quero bater papo com leitores, descobrir novas visadas do mesmo poema, coisas que não tinha me dado conta e de repente vem alguém e sente e fala e escreve e assim este blog cunpre o seu papel de diálogo com o mundo.
ResponderExcluir"as arte falam humanês/também as caras dos homens/escrevem o mesmo código" (Adélia Prado)
mas é isso que é magico a partilha...somos porque sentimos...não será essa a luz da palavra?
ResponderExcluiros poetas são como as aves...vivem no mesmo céu... pelos olhos do sentir é onde adeja a boca das palavras
carinhos para ambos...
Adejar!?
ResponderExcluirEu não sabia, mas já havia experimentado.
Eita guria do balacobaco, hein Dimi?
Rss!
Sou um privilegiado e este blog é de quem lhes dá novas direções, vcs.
ResponderExcluira única e grande direcção a da Vida
ResponderExcluiressência da poesia…
a poesia essência da vida!
Porque como bem disse o teu amigo e poeta José Mateus Pereira Neto
“…a vida é feminina
& eu sou seu filho.”