domingo, 4 de setembro de 2011

mistério insondável - maria andersen


    • Algo de enorme nasce a cada instante
      segue por aí - abrindo-te aos cumes mais ardentes
      assim sobes ao sublime silêncio
      a pensar o sentido íntimo das coisas dos gestos da vida
      o único sentido
      ? sem isso de que nos serve o sucessivo quadro das imagens externas
      ah
      por vezes somos uma sombra adormecida chamada gente
      & nem percebemos que o mundo segue
      sem mim sem ti
      mas não sem nós –
      primeiro é o olhar
      depois a surpresa – a vida
      depois o mistério insondável onde existimos
      assim suspiramos sabendo apenas a insuspeitável dimensão sem calculo

      podia dizer-te tantas coisas
      ir ao fundo de ti e não voltar
      agora estou a florir na substância do dia
      & deito-me com todos os sentimentos à porta das emoções
      & todas as sensações me pagam a ébria bebida de te querer mais do que posso
      troco olhares com todos os teus e os meus modos de agir
      & estou de mãos dadas com todos os impulsos
      para ir à febre as horas

      ah fome insaciável de ser
      orgia intelectual de sentir a vida o talento a virtude
      o corpo ( o meu e o teu) a ferro e fogo
      diálogo contínuo dos meus olhos nos teus
      sim
      o silêncio diz tanto
      & o grito vem de tão longe

      podia dizer-te mais
      queria dizer-te mais
      mas tudo o mais que te dissesse não te diria
      o tanto que te quero dizer

      a vida dói quanto mais dentro se vive
      & o tempo é tão precário
      sim podia dizer-te mais
      mas tudo o mais que te diga - não diz tudo

      a vida é em nós
      esta única sensação de ser

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