quarta-feira, 7 de setembro de 2011

madrugosa - claudia freire



seres subterrâneos
subindo à superfície
lanterna em punho tinindo
é fungo, é broca, é ganido

ratos humanos sicranos
concretados no devaneio
é olho vidrado é espelho
nódoa de piche é pupila

supérfluo ser derramado
vulto pálido fantasmagórico
concreta a alma urbana
no vácuo o grito colérico

cérebro desperdiçado
neurônio desparafusado
abstrata a dor da peçonha
é cobra, é carma, é latido

coroa de espinho torto
mártir desmiolado
tíbias esmigalhadas
é prego, é cruz, é culpado

pensa, prensa o maluco
três por quatro, flash, digitais
volta pro fundo do poço
de onde jamais sairás

ofusca o tosco delírio
sinalização de fumaça
bebendo lodo em goteira
é giz, é um triz, é colírio

salpica estrela vaidosa
inseto de gala engomado
glamour de asfalto, cidade
é tudo, é onde, é saudade

4 comentários:

  1. primeiro a Claudia Freire me surpreendeu com os haikais, agora com este poema que dá música, tenho certeza.

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  2. Música da boa, Dimi! E poetisa de primeira, essa minha amiga...

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  3. fiquei até com o rosto corado agora...ceis dois são generosos demais...brigada

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  4. vaidosa e estrelada
    de gala e engomada
    cidade: a mais gelada.
    Saudade, é uma cilada!

    Gostei muito!!!

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