do cálice sei apenas o vinho
apenas a morte
no coração do tempo arando fugas
vou
descortinando eternos
recolhendo piedade
no horto silvestre
à velocidade acólita da língua
tenho amuletos nas rosas
azeitonas cremadas na margem repentina
onde os meus poemas
não são para serem entendidos
no estame da luz breve
tenho papoilas na navalha
cannabis no vapor matinal
e a minha carne dentro do mar
como narciso
sucumbi na rota do sentido
no ocre do solstício
onde eu sou vertical
com sal na pele e a boca cheia de tempo
e da efémera promessa
falcão no pretexto das conversas
as que principiam com a fuga para lugares
que a razão omite
hora da garantia
onde vacila o último verão
espelho – nácar no corpo
que eu própria ilumino
leva
leva de mim sedimentos e coragem
espasmos e dinheiro
que a poesia sou eu
antes de me procurar nos baixios por onde ando
vales humanos
onde o cotovelo é forma
onde o braço é boca
onde a cabeça é comboio a colidir
faço tratados de paz
simulo conhecimento
decifro coisas que não vês
estou no sítio do desconforto
onde a ironia é pena
onde o salpico é palavra
onde o ser é estigma
onde a insignificância é violeta na lápide
é narciso murcho na jarra da ciência
e o tempo jazz citadino
e nós
cartas de tarot
esquecida na mesa
- Jazz
poesia! -
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