Prefiro olhar o de fora - pitanga, mar, dromedário -
A espiar o de dentro - raiva, gastura, temor.
Porque o de fora se olha
E o de dentro se entrevê.
Os olhos,
Estando de fora,
Não conseguem
Se dobrar
qual folha-seca perfeita,
Onda na rama do mar,
Para fazer do de dentro,
Um de fora de se olhar:
A menos que então se curvem,
Como se fossem anzóis...
Mas nesse caso eles fisgam,
Puxam o de dentro pra fora,
Fazendo virar o de dentro -
Só por ter sido visto
(que difere de entrever) -
Um de fora arregaçado,
Mefisto sem sutileza,
Mero objeto olhado,
Ilhado em cima da mesa.
Dessa forma,
O que é de dentro
Puro sujeito é,
Refratário ao nosso ver.
É coisa de se entrever,
(Como o conceito de mar)
Impermeável à ideia
De ser coisa de se olhar.
Á flora da idade brota a alma. Isso sela-se neste poema. Na total consciência da nossa exterioridade e interioridade. Do que não é visível e do que por fora se vê na matéria e por ela se "entre)(vê" no olhar e para além dele! Amei o poema Carlos! Vejo nele as vitais raízes de onde brota a nascente mais cristalina da poesia.
ResponderExcluirNão é poeta quem quer! Mas apesar disso, quem quer, pode fazer da vida poesia!
Somos um largo labirinto onde não há idade e tudo acontece sempre pela primeira vez. Eis o primordial espanto.Há sempre dos rostos. os dias que passam por nós, os traços que se marcam na pele sobre o tacto e o corpo que por dentro é silencio que brota em tantos movimentos.
Maria, muito obrigado por comentário tão generoso! Leituras fraternas como a sua estimulam nossa escrita. Grande abraço.
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