sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

gaza

no mata-mata
ali na esquina
juntos no mapa
e no papel
a Palestina
e Israel
naquela faixa
na casa
dessa menina

7 comentários:

  1. Um poema que daria para fazer fluir um rio de tinta … em palavras...
    "no mata-mata"
    da esquina
    e de nós o egoísmo
    o palácio do ter
    mas não do ser
    humanidade que se procura e se perde
    “Tanto é o sangue
    que os rios desistem de seu ritmo,
    e o oceano delira
    e rejeita as espumas vermelhas.

    Tanto é o sangue
    que até a lua se levanta horrível,
    e erra nos lugares serenos,
    sonâmbula de auréolas rubras,
    com o fogo do inferno em suas madeixas.

    Tanta é a morte
    que nem os rostos se conhecem, lado a lado,
    e os pedaços de corpo estão por ali como tábuas sem uso.

    Oh, os dedos com alianças perdidos na lama...
    Os olhos que já não pestanejam com a poeira...
    As bocas de recados perdidos...
    O coração dado aos vermes, dentro dos densos uniformes...

    Tanta é a morte
    que só as almas formariam colunas,
    as almas desprendidas... — e alcançariam as estrelas.

    E as máquinas de entranhas abertas,
    e os cadáveres ainda armados,
    e a terra com suas flores ardendo,
    e os rios espavoridos como tigres, com suas máculas,
    e este mar desvairado de incêndios e náufragos,
    e a lua alucinada de seu testemunho,
    e nós e vós, imunes,
    chorando, apenas, sobre fotografias,
    — tudo é um natural armar e desarmar de andaimes
    entre tempos vagarosos,
    sonhando arquiteturas.

    poema belissimo de
    Cecília Meireles, in 'Mar Absoluto'

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  2. Maria, vc me surpreendeu com este comentário, absolutamente lindo!
    Dói muito saber que por mais que façamos poemas e discutamos esta questão, tudo ainda continua indo para o abismo, naquela região e com aqueles povos.

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  3. ORAÇÃO A GAZA

    inebriante gaza.
    submeto a minha beleza
    aos nenhures
    do teu romance,
    a minha chuva ao interior
    de tuas lágrimas,
    o meu espelho à lírica
    do teu vestíbulo.
    cintilante gaza.
    faixa coberta de nomes.
    nomes cobertos de amor.
    amor coberto de sangue.

    Sylvia Beirute

    Hj acordei à flor da pele. Ao ler-te fui à internet buscar mais sobre Gaza. Veja só, encrontrei a Sylvia Beirute, lá nas "terras de além mar", uma alguém que afirma que: "É favorável ao Acordo Ortográfico, assumindo que tal se deve a mestres poetas brasileiros como Manoel de Barros, Nicolas Behr ou Paulo Leminski, que a fizeram tomar consciência da língua portuguesa enquanto unidade artística".
    http://sylviabeirute.blogspot.com/2010/12/ora%C3%A7%C3%A3o-gaza-poema-sylvia-beirute.html

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  4. Nossa língua é linda, onde mais encontraríamos uma expressão como esta: "à flor da pele"?
    E obrigado por comentar, não só pelo poema, mas pela questão Palestina, que me choca e creio deve chocar os corações palpitantes.

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  5. Quanto à reforma ortográfica, sou contra, a língua não pode ficar presa, let it be, ela vai se moldando no dia a dia, no falar das pessoas...os poetas são os verdadeiros mestres da palavra, não os gramáticos.

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  6. En outras palavras, no meu entendimento, a Sylvia quiz dizer que a unidade da lingua favorece a consciências das suas possibilidades artísticas - graças à contribuição dos poetas brazucas citados.

    Vc tem razão. Discordo dela!! É a liberdade no manuseio da matéria que favorece a poética criativa. A unidade remete ao senso comum e limita sim sr.

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