Um poema que daria para fazer fluir um rio de tinta … em palavras... "no mata-mata" da esquina e de nós o egoísmo o palácio do ter mas não do ser humanidade que se procura e se perde “Tanto é o sangue que os rios desistem de seu ritmo, e o oceano delira e rejeita as espumas vermelhas.
Tanto é o sangue que até a lua se levanta horrível, e erra nos lugares serenos, sonâmbula de auréolas rubras, com o fogo do inferno em suas madeixas.
Tanta é a morte que nem os rostos se conhecem, lado a lado, e os pedaços de corpo estão por ali como tábuas sem uso.
Oh, os dedos com alianças perdidos na lama... Os olhos que já não pestanejam com a poeira... As bocas de recados perdidos... O coração dado aos vermes, dentro dos densos uniformes...
Tanta é a morte que só as almas formariam colunas, as almas desprendidas... — e alcançariam as estrelas.
E as máquinas de entranhas abertas, e os cadáveres ainda armados, e a terra com suas flores ardendo, e os rios espavoridos como tigres, com suas máculas, e este mar desvairado de incêndios e náufragos, e a lua alucinada de seu testemunho, e nós e vós, imunes, chorando, apenas, sobre fotografias, — tudo é um natural armar e desarmar de andaimes entre tempos vagarosos, sonhando arquiteturas.
poema belissimo de Cecília Meireles, in 'Mar Absoluto'
Maria, vc me surpreendeu com este comentário, absolutamente lindo! Dói muito saber que por mais que façamos poemas e discutamos esta questão, tudo ainda continua indo para o abismo, naquela região e com aqueles povos.
inebriante gaza. submeto a minha beleza aos nenhures do teu romance, a minha chuva ao interior de tuas lágrimas, o meu espelho à lírica do teu vestíbulo. cintilante gaza. faixa coberta de nomes. nomes cobertos de amor. amor coberto de sangue.
Sylvia Beirute
Hj acordei à flor da pele. Ao ler-te fui à internet buscar mais sobre Gaza. Veja só, encrontrei a Sylvia Beirute, lá nas "terras de além mar", uma alguém que afirma que: "É favorável ao Acordo Ortográfico, assumindo que tal se deve a mestres poetas brasileiros como Manoel de Barros, Nicolas Behr ou Paulo Leminski, que a fizeram tomar consciência da língua portuguesa enquanto unidade artística". http://sylviabeirute.blogspot.com/2010/12/ora%C3%A7%C3%A3o-gaza-poema-sylvia-beirute.html
Nossa língua é linda, onde mais encontraríamos uma expressão como esta: "à flor da pele"? E obrigado por comentar, não só pelo poema, mas pela questão Palestina, que me choca e creio deve chocar os corações palpitantes.
Quanto à reforma ortográfica, sou contra, a língua não pode ficar presa, let it be, ela vai se moldando no dia a dia, no falar das pessoas...os poetas são os verdadeiros mestres da palavra, não os gramáticos.
En outras palavras, no meu entendimento, a Sylvia quiz dizer que a unidade da lingua favorece a consciências das suas possibilidades artísticas - graças à contribuição dos poetas brazucas citados.
Vc tem razão. Discordo dela!! É a liberdade no manuseio da matéria que favorece a poética criativa. A unidade remete ao senso comum e limita sim sr.
Um poema que daria para fazer fluir um rio de tinta … em palavras...
ResponderExcluir"no mata-mata"
da esquina
e de nós o egoísmo
o palácio do ter
mas não do ser
humanidade que se procura e se perde
“Tanto é o sangue
que os rios desistem de seu ritmo,
e o oceano delira
e rejeita as espumas vermelhas.
Tanto é o sangue
que até a lua se levanta horrível,
e erra nos lugares serenos,
sonâmbula de auréolas rubras,
com o fogo do inferno em suas madeixas.
Tanta é a morte
que nem os rostos se conhecem, lado a lado,
e os pedaços de corpo estão por ali como tábuas sem uso.
Oh, os dedos com alianças perdidos na lama...
Os olhos que já não pestanejam com a poeira...
As bocas de recados perdidos...
O coração dado aos vermes, dentro dos densos uniformes...
Tanta é a morte
que só as almas formariam colunas,
as almas desprendidas... — e alcançariam as estrelas.
E as máquinas de entranhas abertas,
e os cadáveres ainda armados,
e a terra com suas flores ardendo,
e os rios espavoridos como tigres, com suas máculas,
e este mar desvairado de incêndios e náufragos,
e a lua alucinada de seu testemunho,
e nós e vós, imunes,
chorando, apenas, sobre fotografias,
— tudo é um natural armar e desarmar de andaimes
entre tempos vagarosos,
sonhando arquiteturas.
poema belissimo de
Cecília Meireles, in 'Mar Absoluto'
Maria, vc me surpreendeu com este comentário, absolutamente lindo!
ResponderExcluirDói muito saber que por mais que façamos poemas e discutamos esta questão, tudo ainda continua indo para o abismo, naquela região e com aqueles povos.
ORAÇÃO A GAZA
ResponderExcluirinebriante gaza.
submeto a minha beleza
aos nenhures
do teu romance,
a minha chuva ao interior
de tuas lágrimas,
o meu espelho à lírica
do teu vestíbulo.
cintilante gaza.
faixa coberta de nomes.
nomes cobertos de amor.
amor coberto de sangue.
Sylvia Beirute
Hj acordei à flor da pele. Ao ler-te fui à internet buscar mais sobre Gaza. Veja só, encrontrei a Sylvia Beirute, lá nas "terras de além mar", uma alguém que afirma que: "É favorável ao Acordo Ortográfico, assumindo que tal se deve a mestres poetas brasileiros como Manoel de Barros, Nicolas Behr ou Paulo Leminski, que a fizeram tomar consciência da língua portuguesa enquanto unidade artística".
http://sylviabeirute.blogspot.com/2010/12/ora%C3%A7%C3%A3o-gaza-poema-sylvia-beirute.html
Nossa língua é linda, onde mais encontraríamos uma expressão como esta: "à flor da pele"?
ResponderExcluirE obrigado por comentar, não só pelo poema, mas pela questão Palestina, que me choca e creio deve chocar os corações palpitantes.
Quanto à reforma ortográfica, sou contra, a língua não pode ficar presa, let it be, ela vai se moldando no dia a dia, no falar das pessoas...os poetas são os verdadeiros mestres da palavra, não os gramáticos.
ResponderExcluirEn outras palavras, no meu entendimento, a Sylvia quiz dizer que a unidade da lingua favorece a consciências das suas possibilidades artísticas - graças à contribuição dos poetas brazucas citados.
ResponderExcluirVc tem razão. Discordo dela!! É a liberdade no manuseio da matéria que favorece a poética criativa. A unidade remete ao senso comum e limita sim sr.
Oh Yeah!
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