uma boca comunica ao ouvido
que se liga ao cérebro que
de coração aberto devolve ao
cérebro a vez de falar com
os olhos aos outros olhos
aquilo que ouvido entendeu
e com boca não quis dizer:
comunga com um
semelhante
comum é teu semblante
deus
criou o mundo
depois foi
embora
e todo mundo
acreditou
embora
ele esteja ali
escondido na sombra
do que sobrou
do mundo
tirando um cochilo
eterno
deslindando a feiúra
botando horror
neste make-up
e o poeta
que sózinho fala
disse ao
poeta
que fala sózinho
uma palavra
desacompanhada
e se desentederam
significativamente bem
os dois
em falas
e palavras
são chamados de poetas
aqueles homens mortos
que fizeram poemas
por sobre
caminhos tortos
são chamados de proletas
aqueles homens fortes
que fizeram problemas
depois dos tijolos
por tijolos
onde construíram
os fortes
e fracos ou fortes
são condenados a varrer praias
enxugar blocos de gelo
a ver com olhos
lamber com a testa
procurar pêlo em ovo
mesmo assim
o homem foge pelo ralo
quando o incêndio toma conta
da mata do mato
e do mito
um deus um céu um sol
o nome hélio
fênix brasa cinza
chama labareda fumaça
queimadura de terceiro grau
hidrogênio oxigênio
vento faísca combustão
só os vivos sentem dor
e tem esperanças
apesar do sofrimento
viver é melhor do que imaginar
a ficção
o cinema
o romance
é tudo divino maravilhoso
mas não se troca a realidade
por nada
mesmo quando parece
que nada acontece
vai ver, é teu filme!
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