terça-feira, 31 de maio de 2011

bogart

luz na correnteza
caminho iluminado

fumo cigarro demais
é filme
que não acaba mais...

revelação - zé mateus

Em rota de colisão direta com o poste, ela parou. Não. Aquilo não deveria ser um porre. Era prá ser uma revelação, o que geralmente não se consegue através duma testa rachada. Recapitulou: bar desconhecido, pessoas idem, beber sozinha. Motivo da ida ao bar: a revelação. De quê? Desolada, senta-se na calçada e enterra a cabeça entre as mãos. É despertada por uma criança maltrapilha que, sorrindo, aponta o oriente e diz:
 - Moça, olha que bonito o sol nascendo!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

linhas do tempo - cleide guedes

De peito aberto, venho...
Sentindo como um animal em perigo, não sei se real, ou imaginário,
mas sentindo...
Venho de rosto lavado, sem um traço qualquer de maquiagem,
mostrando todas as linhas do tempo, todos os meus sinais...
Odeio máscaras, odeio subterfúgios...
Odeio qualquer coisa que insulte a minha inteligência...
Excesso de precaução,
excesso de medo,
excesso de tantas coisas que ainda não consegui definir...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

maneira

...de purgatório em purgatório ainda estou vivo. Vivo e te amando mais que nunca.  Não mais que sempre, mas, sempre mais, mais que nada, mais que tudo, mais que o mundo, mais que presente, mais que ausente e confesso sim, mais que sempre...afinal de contas é possível conversar de muitas maneiras e a poesia para mim é a mais maneira: a vida começa no começo e termina no comecinho, o sol nasce de um lado e morre do outro ladinho.

terça-feira, 24 de maio de 2011

cor - josé mateus pereira neto

É natural
Q pássaros
Façam festa
Olhe a cor do poente!

Meninos, cachorros, besouros
A vida inteira brinca à minha frente 
Enquanto eu enfrento velhos demônios
& sabemos que ninguém vence

Venha, então, participar desta cor
Não precisa saber desta dor
O q vale é o q se vive?

& se medirmos o q se vive
Pela cor q no ocaso vemos
Por acaso não vale tudo aquilo q vivemos?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

tempo - maria andersen

o tempo é essa exaustão dos segundos
por isso
chamo à noite asa
ás horas casa
a ti vogal

o poeta é
a mistura intacta da inocente luz