domingo, 11 de março de 2012

os heróis não amam não - jorge z

oh seu peter pan
cresça e apareça
ou perca esta inocência ou então desapareça
e o super-homem com seu pau de aço
só que a lois lane ainda é cabaço
e o homem-aranha que vive na sua teia
só que quando vê aranha ele se chateia
príncipe-submarino que não gosta de sereia
os heróis não amam não
os heróis não amam não!

quinta-feira, 8 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

babu - cesar nero

cai a noite em cada sombra surge a face do inimigo
uma estrela prateada é o sinal do perigo
as chamas do inferno que propagam com o mal
revelam em teus olhos a frieza de um chacal

todas as almas que vagueiam pelo mundo em busca de salvação
se deparam no caminho com o deus da perdição
e se perdem engolidas pela escuridão da noite
eternamente torturadas pelos golpes do açoite

o mal não morre nunca só descansa em todos nós
na vingança e no ódio a crueldade de um algoz
não te oponhas nunca ao mal ou tua alma há de sofrer
quando a lua se ocultar do inferno eu voltarei

você entrega a tua vida a uma simples oração
e confia no divino para tua salvação
e não sabe na verdade que o destino é todo teu
confia em você mesmo não espere por um deus

uh uh
babu babu 
 
> do filme Babu a Vingança Maldita de Cesar Nero musicada por Boi Thompson e Dimi Éter

domingo, 4 de março de 2012

destino da língua - fátima meireles

cruzaram-se os ventos e eu nasci
o momento nunca foi exacto e pouco espaço ocupo
trago nas mãos palavras animais
sílabas coaguladas na garganta
textos a escaldar de gravidade
a escrita é um pólvora que me rebenta por dentro num discurso mortal
uma sala branca e devastada de cólera no ventre
março como único território em que agora respiro
e o pensamento rompe-me o tédio
o filme dos instantes em curta metragem
as esplanadas estão vazias a janela é a porta das imagens
e esta devassidão mamífera de animais fervilhando pedra e cal
os êmbolos no sem balanço tardio
a tarde garrida de afectos
o espaço equilibrista onde me sustento
o café na borra o piano ao canto
a química floração dos olhares entre a agonia e o espanto
a bravura explosiva os deuses que nos abafam
a droga de tantas vidas
as ruas lentas na sua estrangeira loucura
os meninos de outrora obsessivos
o estio das noites longas
a voz iluminadora a sacralidade
a turbulência íntima e o excesso de multiplicidade
os dados sobre a mesa
a antropologia do pavor o destino da língua
a minha pátria como um sussurro na noite
o corpo caligráfico dos tontos os políticos dos ensaios contendo febre
as lichias maduras e o medo da dança
a energia bruta as linhas curvas do texto
o que se mete lá dentro tão fulminante
o éter dentro das bocas incrustadas de escuro
as mãos como uma trança a tela junto aos dedos
os livros em fila com vícios brutais de um sono extenso
e esta minha ciência infusa
cocaína das palavras de ervas que masco
e uma desordem de horas conversas fechadas a sete chaves
um ritmo de elástico que eu ignoro
as capelas à esquina as beatas junto à porta
a geometria do que digo
e as luzes voltadas como focos no poema
gosto de ser
na única pancada da vida
de ser
na travessia das tempestades no eco do séculos
onde se levanta a prata
a solidez das águas e esta loucura afinada das palavras
em que me escrevo tão dentro tão só pousada nos teus olhos
os verbos não tem subúrbios
e por isso são o sítio certo do alfabeto

sábado, 3 de março de 2012

mira - cris biagi

Perfeito par,
que é ímpar
Pegadas buscam
seu olhar risonho
verde, intruso
Surgem saltitando, são
faróis entregues ao devaneio
Então imagino
através do tempo
numa rápida mira serenar
intrigante olhar

domingo, 19 de fevereiro de 2012

pleonásmico - leonard almeida

ainda vou entrar pra dentro
do seu quarto bagunçado
trancar sua porta
trancar suas pernas a mim
e jogar a chave fora

só deixar sair pra fora
as saudades, as vontades, as verdades
escondidas no seu criado-mudo
mais íntimo e depravado

o resto vou fechar tudo
pra gente gritar alto e calar mudo
loucos da cabeça
até o espelho ficar cego
e o corpo ficar surdo

depois subir pra cima das paredes
e do teto feito aranha
te observar dormindo
como a indefesa presa ao relento
e preparar a teia pro próximo bote

e pro seu bote voltar nadando
na água salgada do seu corpo mar
que doce se torna no leito desfeito
ao descer a descida da ladeira até a lombar
com lambidas nas ancas largas e pérfidas
sambar e cantar nas curvas e vielas
das áreas mais boêmias e periféricas
até a apoteose do recôndito ventre

e então entrar na chuva pra se molhar
e até me queimar no fogo fátuo
da fogueira faceira do seu olhar
de júbilo e regozijo
inocentemente indecentes olhos
que olham o nada e o infinito

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O DIABO A QU4TRO

                      DIÁLOGO ENTRE 2 MASCARADOS FÁUSTICOS                                                                                                            

UM >  desconfiança, incerteza, dúvidas...ahhhff...eu desconfio é do diabo-a-quatro!

OUTRO > não fala assim com o tinhoso, ele tem muitos nomes e você sabe: o inferno é fogo...

UM > o inferno é aqui, belzebu é o senhor das moscas, divindade dos filisteus, deus do esterco, príncipe dos demônios.

OUTRO > ave-vixxe! exu é meio orixá meio humano, tratado com consideração, presta bons serviços...irritadiço, provoca brigas e disputas...no brasil é o diabo.

UM > aquele que traz a luz é lúcifer, primogênito de deus, caiu como um relâmpago do céu...os cristãos também o chamam de diabo.

OUTRO > mas o adversário é satã... o promotor da côrte celestial, príncipe deste mundo, incorporação do mal...rebelou-se contra deus...e caiu no abismo.

UM > pois então, vamos deixar o odiado diabo para lá.

OUTRO > bom mesmo é nem deuses nem malditos.

UM > porque a gente cresce e ...

AMBOS > desfaz os mitos!