terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ignoração - maria andersen





de repente o rosto é uma ignoração
um escravo absurdo do tempo com olhos cavos
portas lentas no repouso - recriando-me
canto todos os sóis condenados às horas  sonolentas
brilha-me a impoluta virgem 
a tia com visões onde se cerram sonhos
na cama prematura - irreparáveis palavras 
na mão com que as escrevo tudo me tarda
e choca-me a interrupção 
as horas  diurnas e nocturnas tão selvagens
- a eternidade por vezes tem a sua razão
a fé onde se violenta o tédio grego
- às coisas intelectuais  da solidão
pergunto-me -
tenho em mim todos os vícios?
sou o objecto do momento com cegueira ? 
onde me sofrem as virtudes ?
converto-me à singularidade 
de mendigar palavras ?
a alma é como um apeadeiro
abrevio todas as fugas 
e estou aqui 
sobriamente desacompanhada 
e o barulho a fazer vale nos ouvidos

toda a noticias -
é um labirinto


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