ele usa plantas conversáveis
para entrar num outro mundo
linguagem idéias significados
destronam causas e efeitos
pscilocibina levando ao fundo
da mente dos não tratados
comunhão gesto e jeitos
aliados não muito distantes
vegetais sob o céu terrestre
na solidão selvagem em erva...
mente, elementos e entretantos
comemos o caminho andando
de pradarias em trilhas estradas escadas
becos que elevam ao céu ao cérebro
articulando a comunicação em gaia
terra viva de conhecimentos desconhecidos
óbvios e ocultos que depois dos cultos
nada mais óbvio que somos pequenas
sinapses talvez pré-neurônios
condutores reagindo a estímulos
elétricos em choque permanente
tutaneando a grande-mãe dadora
de maravilhas e visões e cânticos
metabólicos simbióticos alimentando
a imaginação e a vida dos seres
vegetais minerais animais elementais
comecemos pelo deus-sangue
que caminha nas veias
vermelho liquidante e viajante
turista mantenedor do pleno funcionamento
do corpo humano demasiado mundano
vem agora o deus-ar
oxigenar o deus-sangue
deus que entra pelas narinas
e sai pela boca ou tanto faz
é ele que respiramos
deus que pomos para dentro e para fora
também vira sopro vento e vendaval
costuma fazer bater os corações
inventar deuses é uma tarefa humanamente imaginária
digna de heróis solitários
de homens e mulheres que querem
ver algo mais no óbvio quando ele estava oculto
bem ali, na frente de seus narizes
no ar que respiram
na luz que entra e sai dos olhos
e eis que a noite alucinógena acaba
e todos viraram servos do milho e do trigo
abandonaram as práticas do desconhecido
cegos por colheitas e riquezas
não mais viram os olhos da deusa
criaram propriedades e um deus
a ordem estabelecida e...adeus
paraíso perdido éden das plantas
mundo cognitivo de homens-crianças
o que vale agora é o macho-alfa
a mulher-beta a agricultura
a usura a cidade o progresso do ego
as normas a estrutura a nomenclatura
o trabalho como fardo e temperatura...
acaba assim a brincadeira e sem luz
triste começa aqui a história
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