plagio a vida e a voz
não a tua a minha
ergo-me entre os imbecis
e divinizo-me pecado
ex-libris
-satanizo-me tara na vara de moisés-
e o castigo das pragas
é-me riso nos dentes
inferno no lume nas palavras
onde sou ardente niágara – dos sexos escancarados
e sou pan – e demónio enfermiço da vossa gula
-sou génio de zaratustra em maré alta-
raiva de medusa e danação da luz
-ladram-me a vida por vivê-la
e só me deram uma
hão-de latila por sina –
que agora eu quero vivê-la
hei-de eu cantá-la – em gala
hei-de em glória - aliviá-la
hei-de em guindaste – içá-la
hei-de em trovão – fazê-la luz
e dá-la à noite no jardim
hei-de em bombos – rufá-la
nos funerais de vós
hei-de alforge - mahoma
cantar sodoma na minha voz
não a tua a minha
ergo-me entre os imbecis
e divinizo-me pecado
ex-libris
-satanizo-me tara na vara de moisés-
e o castigo das pragas
é-me riso nos dentes
inferno no lume nas palavras
onde sou ardente niágara – dos sexos escancarados
e sou pan – e demónio enfermiço da vossa gula
-sou génio de zaratustra em maré alta-
raiva de medusa e danação da luz
-ladram-me a vida por vivê-la
e só me deram uma
hão-de latila por sina –
que agora eu quero vivê-la
hei-de eu cantá-la – em gala
hei-de em glória - aliviá-la
hei-de em guindaste – içá-la
hei-de em trovão – fazê-la luz
e dá-la à noite no jardim
hei-de em bombos – rufá-la
nos funerais de vós
hei-de alforge - mahoma
cantar sodoma na minha voz
hei-de ser deusa sem virgens
hei-de ser ópio - ser átila - ser reis - ser eu
hei-de ser trono nas vossas iras
boca no tempo de eu ser sina
onde ouço vencidos os gritos dos fracos
eis aqui numa voz antiga
sou casa – sou asa – sou inocente
sou relíquia de mártir impotente e sequestrada
sou clausura possessa – mulher exilada
hóstia de amor e angustia no claustro
madre – génio - poema – donzela
virtude sozinha na sela em penitência de sexo
sou rastro que cruza o meu sangue
sou raiva bastarda e condenada
pederastia à beira do limbo – o traço – a fasquia
as pernas abertas e nuas da minha alma sem baptismo
ah eu sinto claramente que nasci
nasci de ti ó homem
que és nascente de força e descoberta
tu que inventaste todos os quebras cabeças e outros dramas
o sebo e o petróleo
por isso hei-de gastar a garganta a proclamar-te
hei-de morder-te a boca
e com afecto pôr-te no lugar
nós saltimbancos
de bandos contrabandistas
hei-de ser ópio - ser átila - ser reis - ser eu
hei-de ser trono nas vossas iras
boca no tempo de eu ser sina
onde ouço vencidos os gritos dos fracos
eis aqui numa voz antiga
sou casa – sou asa – sou inocente
sou relíquia de mártir impotente e sequestrada
sou clausura possessa – mulher exilada
hóstia de amor e angustia no claustro
madre – génio - poema – donzela
virtude sozinha na sela em penitência de sexo
sou rastro que cruza o meu sangue
sou raiva bastarda e condenada
pederastia à beira do limbo – o traço – a fasquia
as pernas abertas e nuas da minha alma sem baptismo
ah eu sinto claramente que nasci
nasci de ti ó homem
que és nascente de força e descoberta
tu que inventaste todos os quebras cabeças e outros dramas
o sebo e o petróleo
por isso hei-de gastar a garganta a proclamar-te
hei-de morder-te a boca
e com afecto pôr-te no lugar
nós saltimbancos
de bandos contrabandistas
nós aqui desterrados
vivemos aqui a vida gémea de ser feliz
horas sem biografia
oh papiro e pergaminho debruçados sobre o tempo
a estorvar o caminho e a mala feita
e vós ó gente de toda a parte
ó génios sem voz
ó além tempo sem regresso
ó espectadores gratuitos
sim - vós mesmos
profetas clandestinos a naufragares a vida
que fazeis cócegas e outras coisas à opinião do povo
largai tudo e ide para o útero
e nascei de novo
e não queirais ser outros - nem inteligentes
que a inteligência é o meu cancro
eu sinto-a por dentro como uma cruz
deixa-te ser só fome e sede
come a terra - o ar - o céu
bebe o fogo e o mar
e dá-te todo à natureza
ah eu sinto claramente que nasci
para te beber os olhos e o destino
e juntos sermos brasa e natureza
que eu sinto de ti ser o amor
como de mim eu sinto tu seres-me inteira
vivemos aqui a vida gémea de ser feliz
horas sem biografia
oh papiro e pergaminho debruçados sobre o tempo
a estorvar o caminho e a mala feita
e vós ó gente de toda a parte
ó génios sem voz
ó além tempo sem regresso
ó espectadores gratuitos
sim - vós mesmos
profetas clandestinos a naufragares a vida
que fazeis cócegas e outras coisas à opinião do povo
largai tudo e ide para o útero
e nascei de novo
e não queirais ser outros - nem inteligentes
que a inteligência é o meu cancro
eu sinto-a por dentro como uma cruz
deixa-te ser só fome e sede
come a terra - o ar - o céu
bebe o fogo e o mar
e dá-te todo à natureza
ah eu sinto claramente que nasci
para te beber os olhos e o destino
e juntos sermos brasa e natureza
que eu sinto de ti ser o amor
como de mim eu sinto tu seres-me inteira
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