se pretende conhecer
teus semelhantes
terá que conviver
com os bancos
com a polícia
com o pai espancando crianças
com a igreja católica
e seu medo do corpo
com os mitos
muitos deles
criados especialmente
para te vencer e convencer
que você é um grande
talvez
o grande culpado
de tudo de ruim
que possa estar acontecendo
inclusive de deixar
o diabo
este pobre coitado
trazer luz
para a tua caverna
...
terá também que dizer
amém sempre
sem precisar
sem ter idéia
do que isto significa
pois não bastará aos homens
que se amem
terão sempre que dar graças
aos desgraçados santos
e anjos que te guardam
que te aguardam do outro lado da vida
porque dizem eles, sempre
que lá é melhor que aqui
que existe céu e inferno
inferno para teu eterno inverno
céu para tua eterna benevolência
e sendo assim
torna-te um escravo
da eternidade
em vida e em morte
...
paz?
que paz, rapaz?
paz, somente a dos cemitérios
é você quem vai morrer nas guerras
mesmo que não tenha sido
você quem as inventou
tu é escravo da geopolítica
escravo da economia
lembra?
você só trabalha
e quando não trabalha
é um vagabundo...maloqueiro
o mesmo xingamento destinado
aos índios do brasil
pois, conforme os ditames
eles não trabalhavam
nem procuravam emprego
(emprego...que palavra é esta que só de a pronunciar,
tu já fica com medo?)
...
cemitérios
também celebram os elefantes
estes filhos magníficos
dos magníficos mamutes
que um dia existiram...
quem sabe não mataremos
também todos os elefantes?
pois, a paz dos cemitérios
é só nossa e os cemitérios também
...que não venham eles meter
a tromba onde não foram chamados
...
árvores? florestas?
o que são florestas?
um bando de árvores?
em bando, não pode!
onde é que está a moto-serra?
precisamos de empregos
precisamos de móveis
para tudo ficar imóvel
precisamos abastecer
os lucros os capitais
financeiros internacionais
água?
para que água?
se quer, paga!
ou então, toma esta
poluída e caga
até morrer...não, não morra ainda
ainda não
tem uma conta do teu plano de saúde
ainda não paga
...
suja tuas mãos
com este óleo preto
com este carvão, olha:
tudo tem que ficar
iluminado virtualizado
o show não pode parar
o capitalismo não pode morrer
só você pode morrer
e não importa se bem
ou mal morrido
(de morte matada ou morte morrida)
não sem antes
deixar quitado
tua cova e teu caixão
aquele mesmo da árvore
do teu emprego da moto-serra
da floresta desnudada dos bancos
da água poluída
da memória dos elefantes
dos mitos das mentiras
dos teus
semelhantes
...
gostei.
ResponderExcluirbjbjbj
...que bom que gostou, normalmente não escrevo neste estilo...é o tipo de poesia para ser escarrada em sarau, com bastante raiva...poema oral!
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