domingo, 17 de julho de 2016

museu grandes novidades


da coleção crueldades
a que mais me causou
foi o coração pintado a sangue
pelo serial killer

da coleção maldades
fico com o quadro negro
pintado a giz
com um homem preto
enforcado pelos brancos

da coleção preconceito
a foto do menino sírio
na praia com seu brinquedo
imigrante morto por ser

da coleção fascistas
aquela faca afiada
no lombo da plebe
me parece uma arma branca
perfeita para golpes

da coleção usura
estou em dúvida entre aquela
fachada de um banco e a bolsa
de valores
imorais

da coleção ladrão de galinha
fico com aquela mãe
presa com pão sem pagar
na bolsa para os filhos
comerem amanhã

sexta-feira, 15 de julho de 2016

haicais & hay más

não adianta
não tem coca
só tem fanta

*

primeiro assombra
depois o sol espanta
o delírio da sombra

*

vidro de veneno
espatifa-se no chão
corte no pé
morrem os dedos
ao menos

*

quem chantageia o vento com calmaria
não enxerga o cego
olho do furacão

*

depois do raio
canta o trovão
sua chuva

depois da chuva
canta a água
seu rio

depois do rio
canta à margem
sua fera

quarta-feira, 13 de julho de 2016

minha cara

juntos
juntinhos
sempre
semprinho

não quero
não querinho

minha cara
é carinho
e carinho
é muito claro
pois é camaradagem
e camaradagem
não tem preço
nem querer por querer

é só uma forma
de poder
poder ser

história & estória

à esquerda o horizonte
a história a continuação
e os que são

à direita o horror
a estória descontinuada
e os que não

a pessoa precisa
olhar para a direita para a esquerda
para trás para cima para baixo para frente
e mais que tudo: continuar

terça-feira, 12 de julho de 2016

deixa vir o déjà vu

viveu em metáforas
morreu em parábolas
seus dias mais felizes
foram ao lado da dialética

sábado, 9 de julho de 2016

pão nosso de cada diabo

porquê
haveria de não comer
o pão que o diabo amassou,
se piso
o chão
que o verme adubou?

quarta-feira, 6 de julho de 2016