quarta-feira, 30 de abril de 2014

madhelenas

de tróia não tinha nada
helena que era de esparta
conhecida mesmo foi em atenas

outra melena muito famosa
madalena que também era maria
de jesus sua predileta pequena

se a vida um dia for serena
o tema que falta nela com certeza
não é galinha nem ovo, é a gema

louras negras ruivas índias
apenas, saiba que não é ficção
são orientais mulatas e morenas

quarta-feira, 16 de abril de 2014

diário

as folhas do meu diário
que nunca existiu
eram de verdade
caso as encontrem
devolvam-me as em branco
pois já localizei 
as palavras

segunda-feira, 14 de abril de 2014

xamânico

ele usa plantas conversáveis
 para entrar num outro mundo
linguagem idéias significados
destronam causas e efeitos
 pscilocibina levando ao fundo
da mente dos não tratados
comunhão gesto e jeitos
aliados não muito distantes
vegetais sob o céu terrestre
na solidão selvagem em erva...
mente, elementos e entretantos

comemos o caminho andando
de pradarias em trilhas estradas escadas
becos que elevam ao céu ao cérebro
articulando a comunicação em gaia
terra viva de conhecimentos desconhecidos
óbvios e ocultos que depois dos cultos
nada mais óbvio que somos pequenas
sinapses talvez pré-neurônios
condutores reagindo a estímulos
elétricos em choque permanente
tutaneando a grande-mãe dadora
de maravilhas e visões e cânticos
metabólicos simbióticos alimentando
a imaginação e a vida dos seres
vegetais minerais animais elementais

comecemos pelo deus-sangue
que caminha nas veias
vermelho liquidante e viajante
turista mantenedor do pleno funcionamento
do corpo humano demasiado mundano

vem agora  o deus-ar
oxigenar o deus-sangue
deus que entra pelas narinas
e sai pela boca ou tanto faz
é ele que respiramos
deus que pomos para dentro e para fora
também vira sopro vento e vendaval
costuma fazer bater os corações

inventar deuses é uma tarefa humanamente imaginária
digna de heróis solitários
de homens e mulheres que querem
ver algo mais no óbvio quando ele estava oculto
bem ali, na frente de seus narizes
no ar que respiram
na luz que entra e sai dos olhos

e eis que a noite alucinógena acaba
e todos viraram servos do milho e do trigo
abandonaram as práticas do desconhecido
cegos por colheitas e riquezas
não mais viram os olhos da deusa
criaram propriedades e um deus
a ordem estabelecida e...adeus
 paraíso perdido éden das plantas
mundo cognitivo de homens-crianças
o que vale agora é o macho-alfa
a mulher-beta a agricultura
a usura a cidade o progresso do ego
as normas a estrutura a nomenclatura
o trabalho como fardo e temperatura...
acaba assim a brincadeira e sem luz
triste começa aqui a história