a tua voz a contornar-me a noite
horas e humanismo com corpo doutrinal
aplainando sangue e a intenção
a rua como um objecto que não fortalece
e a derradeira solenidade é uma transgressão
um ateísmo onde se dispersam tantos olhos
queimando de distância toda a terra -
temos mãos voadoras com memórias e alucinações
e um certo epicentro na crise do poema
vemos tão perto todas as pestes
todos os ritmos todos os sangues
- e a solidão -
aprendo profundamente todos os nomes (que perco)
todas as pálpebras em que me encerro
como uma paisagem na garganta
estou ardente num lençol púrpura
onde o refluxo da vida é completo
pássaros claros a saírem-me da boca
com uma voz nas asas
o corpo é uma dança embrenhada
de ressacas cantando decifrações