Salvé, ó santo Príapo, pai geral, salvé!
Dá-me uma juventude viva,
faz com que eu agrade aos rapazes e às belas raparigas,
que o meu encanto seja irresistível:
que festas e jogos ininterruptos afastem de mim os cuidados,
e me poupe o medo da juventude lenta,
da morte longa, a morte
que leva às regiões fatais do Averno,
lá onde o rei guarda as almas dos mortos como fantasmas vagos,
funesto reino de que não se regressa nunca.
Salvé, Príapo, santo, pai, salvé!
Vinde em bandos, todas, raparigas
que venerais os bosques sagrados, as águas limpas;
vinde, todas vós, e docemente dizei ao glorioso Príapo:
Salvé, ó santo Príapo, pai de todas as coisas, salvé!
E ele, afastando as gentes cruéis e sanguinárias,
deixa-vos atravessar as florestas no silêncio das sombras calmas.
Ele, o deus, afugenta das fontes os impuros que se metem pelos
ribeiros dentro, que lavam as mãos, que turvam as águas,
que não chamam as raparigas divinas.
Dizei: que Príapo nos seja propício!
Salvé, ó santo, ó pai de tudo, salvé!
Com teu poder, salvé, Príapo!
Salvé!
Tu que és nomeado o Gerador e o Autor do mundo,
Pã confundido com a Natureza e o Universo inteiro.
Tudo se concebeu pela tua força, tudo quanto vive no mar, no céu,
na terra.
Príapo, salvé, ó santo, ó pai, salvé!
O próprio Júpiter depõe os raios terríveis e, inspirado pelo desejo,
abandona o trono claro.
A ti se dobram Vênus, a bela e o ardente Cupido, e a Graça com
as irmãs gêmeas, e Baco, o deus que traz o júbilo.
Sem ti, não vencem as armas de Vênus,
e as Graças não são graciosas, e Cupido e Baco não nos enredam
em seu encanto.
Com teu vigor sagrado, Príapo, salvé, salvé!
Invocam-te as tímidas raparigas para que lhes desfaças os cordões
das vestes há tanto tempo cingidas.
Invocam-te as mulheres para que os seus homens tenham o nervo
sempre potente e rígido.
Salvé, ó santo, ó pai, ó Príapo!
Salvé!
...do livro AS MAGIAS